Os teus silêncios. Como pessoas que gritam. Como vozes que me dizem,
-fica,
Quando nós nunca sabemos se podemos ficar. Quando nós nunca somos suficientemente fortes para não chorar.
Falas-me de cavalos em direcção ao mar. ao mar. ao mar.
E eu não sei se devo acreditar que um dia haverá mar suficiente para tantos cavalos. Mas fico. Finjo que acredito. Em cavalos furiosos, como as vozes dos médicos quando sentem o medo a apertar-lhe as têmporas, cavalos velozes, como as palavras que não podem nem sabem chegar devagar.
Farmácias abandonadas. Tão abandonas e tão tristes como os nossos corações em tardes de Outono. Como as árvores sem folhas. Como o meu rosto quando me dizes,
- quem és? ,
E eu tenho vergonha de não saber ao certo quem foste.
Abandonado. Como as farmácias. Furioso. Como os cavalos. Veloz. Como as palavras.
Assim sou eu. Mesmo que amanhã duvides que o hoje possa ter existido.

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