O vazio percorre os cantos da planície e quase consigo descrever os silêncios que se lhes cobrem, Quase despido dos corpos que lhe cobrem o corpo, Há, ainda, vozes a ecoar dentro dele, Sempre e até ao,
- Até ao infinito
, ou aquilo a que nos habituámos a chamar sempre, Mãos devolutas e cinzentamente escurecidas pelo passar dos dias e dos anos, Dias e silêncios profundos, Caminham junto ao rio cavalos submersos, e planícies profundas, segredos inaudívies, mudos, Há, assim, corações abertos e vozes que ecoam que por vezes,
(acredite no que lhe digo)
, por vezes não consigo dormir porque vozes inaudíveis me povoam o corpo, e os corpos que se lhe sobrepõem, Há mundos silenciosos e apenas tu, inerte e encoberta pelos ganidos e pelos plátanos do chafariz,
- Assim,
(acredite)
, há palavras que lhe comem o corpo, e o corpo que lentamente se desfaz, Todas as vozes, todos os cheiros e todas as pessoas que lhe encobrem a visão, Há, ainda, segredos desconhecidos como histórias que esvoaçam, Vinte e oito de Outubro, noite de hospital, uma ligeira linguagem de movimentos, dançantes, Alentejos profundos e cavalos brancos que vagueiam, O vazio. Outubro. Chuva no ar. Cheira-se.

Sem comentários:

Enviar um comentário