Estamos todos tão sós. E tu prometes que ficas até ao fim. Dizes qualquer coisa acerca do amor. Abro os olhos. Como se ainda te visse. Como se ainda te pudesse ver. Esperas palavras e eu não sei como dizer-te que as minhas secaram.
Seguras-me na mão. Vinte e oito de Outubro de um ano qualquer. O médico aproxima-se e eu tenho vontade de me afastar, de me desprender da cama e correr como um cavalo selvagem. Correr para ti e por ti. Correr.
Nem que seja para dizer-te que não esqueci. Que não esquecemos nunca.
Fecho os olhos. E de repente tu. Todos os dias. Dia por dia. E a vida uma ampulheta que se esgota devagar. A vida sempre em contagem decrescente. Depois das palavras. A vida sempre em contagem decrescente. O silêncio. Em contagem decrescente.
3.2.1. Espero a tua voz. Qualquer palavra que me diga que não estou só, qualquer ilusão que me faça acreditar que vens comigo. Que vens comigo mesmo que seja longe.

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